Alguns registos da tourada:
Mordomos:
José Hermenegildo Pires Nabais - 19 anos e José Eduardo Nunes Luís - 16 anos
Maria de Fátima Ricárdio Nabais - 22 anos e Josefa Fernandes Nunes - 18 anos
Touros:
Vieram de Fuenteguinaldo, pertencentes ao Ganadeiro José António Ramos e ao seu sócio de ocasião “Patato”, possuidor de um talho em Cidade Rodrigo.
Preço - 70.000 Pesetas X 0,4$00 = 28.000$00 – A peseta valia 4 tostões, como se dizia na altura.
O pouco dinheiro que sobrou foi gasto em borregos que foram assados com a madeira do forcão e comidos no Largo do Enxido por todas as pessoas de Aldeia do Bispo que assim o desejaram.
Autorização fronteiriça:
Neste ano foi bastante complicado conseguir autorização para a passagem dos toiros de Espanha para Portugal. O mesmo se passou em relação a outras aldeias raianas, cujo processo só se conseguiu resolver com algumas idas a Salamanca, por parte do falecido capitão Nabais. A autorização só foi conseguida muito próximo do dia da tourada da Lageosa.
Apesar de eu (Gilo Nabais) ser um aficcionado dos encerros a cavalo, mal imaginava que, no meu ano, iria ter um encerro com touros espanhóis, mas em camião.
Na altura, as ruas e caminhos à entrada da aldeia eram tapados, na noite da Festa, pelos rapazes que recorriam aos carros de bois que ficavam nos currais e na rua. Muitas vezes e, em face de portões fechados, os carros eram passados por cima das paredes. Este movimento, durante a noite, era também uma das grandes diversões de tempos idos. Já muito perto da meia-noite tivemos conhecimento que não se iria fazer encerro a pé, pelo que fui deitar-me. Passado algum tempo estava a malta a perguntar se não se tapavam as ruas? Devo dizer que foi complicado explicar que já não era necessário, pois não iria haver encerro a pé.
Naquela altura os touros vinham todos a pé e camião era coisa que não se usava, contrariamente ao que hoje acontece. Os cavaleiros portugueses também eram bastante menos que agora. Em pouco ultrapassavam a meia dúzia e os cavalos eram quase sempre emprestados. No meu caso foi o conhecido “Tó Ribeiro” de Aldeia Velha que me forneceu cavalo até 1976, altura em que o meu pai me comprou uma égua. Nesse ano e devido às circunstâncias fomos esperar os touros a cavalo à Lage da Lancha, o Dr. Manso, os filhos Dr. Luís Eduardo e Dª Maria José e eu. Este encerro inédito deveu-se a acidente que envolveu os cavalos dos ganadeiros, na véspera, no encerro de Aldeia da Ponte.
Foi o primeiro ano em que a cerimónia do pedido da praça, foi feito com a presença das mordomas. A praça foi toda revestida interiormente com taipais, ficando com um aspecto parecido ao que tem actualmente. As árvores estavam cheias de pessoas quer nos ramos, quer nas tábuas pendentes das cordas, o que dava um aspecto único à nossa praça. Infelizmente já não existem.
Os touros, em geral, foram bravos, bons para o forcão e capa. Quase todos foram agarrados. O “grande” ao bater na galha ficou algum tempo preso na mesma, tendo entalado um dos cornos na corda que ata o forcão. Os capinhas espanhóis tiveram também uma boa actuação, realçando-se o Conrado, “El Manho”.
No final toda a gente ficou satisfeita e quando o melhor touro dava as últimas voltas, eis que surge um momento de distracção e a fatalidade acontece!...
Não houve. Enfim, são percalços imprevisíveis.