Introdução
- Aldeia raiana, predominantemente agrícola, com grande saldo migratório,
principalmente para França. As zonas do Porto e de Lisboa albergam também grande
número de naturais e descendentes da terra. No fim de 1997, tinha 324 eleitores
inscritos, a maioria dos quais acima de 50 anos. Os seus naturais eram
conhecidos por "labregos" e "lagarteiros". Nota-se neste momento, por parte dos
naturais, principalmente dos que têm a sua vida profissional fora da aldeia, uma
vontade de recuperar as casas, mantendo, dentro do possível, a traça antiga das
mesmas, ou seja, a parede de granito com a pedra à vista. O objectivo destas
casas é, para já, a fuga da cidade nos fins de semana e parte das férias. Depois
logo se vê, talvez… a reforma.
Localização
- Situa-se no extremo leste do Concelho de Sabugal, a 30 Km desta vila. Rodeada
pelas aldeias de Fóios, Aldeia Velha, Lageosa e Navas Frias, esta última já na
Espanha e a cerca de 4 Km (2Km da fronteira). Dista cerca de 38 Km da fronteira
de Vilar Formoso. É uma zona de micro-clima, onde se sentem invernos e verões
rigorosos. Por isso mesmo os nevões de Aldeia do Bispo são muito maiores que os
das povoações vizinhas, a caminho do Sabugal.
![]() Até as "ervas" gelam… |
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Foto (José Alfredo Pires Pêgo)
Foto (Amélia Nabais T. Silva)ð |
![]() Rua com casas antigas em granito |
Hidrografia
e orografia
- Atravessada por uma ribeira, rodeada de
hortas, regadas e lameiros. A fauna piscícola é rudimentar e está em vias de
desaparecimento. Ainda vão aparecendo algumas rãs, mas sofrem de pesca
intensiva, pois as suas patas dão um petisco excelente. As lontras desapareceram
totalmente. Existe outra ribeira que faz fronteira com Espanha, conhecida por
Ribeira da Marigil, que foi famosa pela qualidade e quantidade das suas trutas.
A aldeia dista cerca de 6 Km da nascente do rio Côa,
na Serra das Mesas. Era aqui que, na mesma mesa, se
podiam sentar ao mesmo tempo dois reis, quatro bispos, dois condes, um marquês e
um comendador, todos no seu território. São conhecidas algumas elevações
circundantes, como a Matança, as Barreiras e o Cabeço Vermelho. A fauna está em
vias de extinção, pois poucos coelhos e perdizes restam da antiga abundância.
Lebres (raras) e javalis aparecem de vez em quando.
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Fronteira (ribeira da Marigil e marco) |
Coelho, lebre e raposa. Nada mau… |
Produtos
da terra e pecuária - Batata, centeio,
milho, legumes vários, castanha, pêra, maçã, madeira (pinho) e lenha,
principalmente de carvalho, árvore que se encontra hoje em franca recuperação.
Estes produtos são essencialmente para consumo próprio, pois a produção é
pequena. Pedras (granito) é o que mais há na
aldeia. Pena é que não sejam exportadas! Quanto a animais domésticos,
poucos se criam, havendo dois ou três rebanhos de ovelhas e cabras. As vacas são
muito poucas. O porco de engorda está quase desaparecido… já não há matanças
como dantes. Na maioria das poucas que ainda persistem, o porco já é comprado
gordo e não engordado com os produtos naturais na velha cortelha. Actualmente, a
agricultura é uma actividade ingrata, pois as geadas e os fogos tudo queimam. Lá
diz o ditado: "Nove meses de Inverno e três de Inferno".
Festas
e tradições
- Nª. Sr.ª dos Milagres, no 2º
Domingo de Agosto e a Tradicional
Capeia Raiana, logo no dia a seguir. De salientar o famoso encerro dos
touros, a cavalo, que reúne milhares de pessoas e também a arte de pegar ao
forcão. O Madeiro (grande fogueira no Largo do Enxido), na noite de
Natal, que é da responsabilidade dos mordomos da capeia. A Festa de
Santo Antão, no dia 17 de Janeiro, com a particularidade de a procissão ser
feita também com animais, dos quais o Santo é protector. A Capeia do
Carnaval, de tradição recente e realizada, por vezes, nas condições mais
adversas, continua a manter-se. O corte do forcão, que se faz actualmente
no Domingo de Páscoa. O Pinho de S. João (antigamente conhecido por
"Carvalho de S. João"), no dia 23 de Junho. Este pinho, espetado no Largo do
Enxido, é coberto de rosmaninho e enfeitado de maneiras diversas, à base de
papel colorido, colocando-se no topo uma boneca com uma bomba de foguete. Cerca
da meia-noite, pega-se-lhe o fogo e arde toda a lenha e os enfeites, assim como
rebentará a boneca quando as chamas a atingirem, restando apenas o negro pau de
pinho. Muitas outras festas e tradições havia, mas desapareceram ou já não têm
significado.
Corte do forcão (1973) |
Encerro com touros vindos de Espanha |
Locais
de interesse - Na aldeia,
existem duas igrejas: a igreja matriz de S. Miguel Arcanjo e a igreja de Santo
Antão. Há um campanário, uma fonte de mergulho fechada, um jardim algo
deteriorado, alguns chafarizes e também bonitas casas em granito. O Centro
Social Nª Sr.ª dos Milagres (fundado pelo Dr. João António Nabais), inclui o Lar
de Stº Antão, um pavilhão de festas, um polidesportivo e piscinas. Existem
sepulturas antigas, em vários locais fora da povoação, "barrocos" (rochas
enormes de granito com várias toneladas) em posições curiosas e belas paisagens,
a partir dos pontos mais altos dos arredores.
Este barroco oscila… |
Três sepulturas na rocha |
Chafariz com motivo taurino (antes do restauro) |
Igreja e campanário |
Actualmente
(2016),
Aldeia do Bispo,
encontra-se razoavelmente servida em termos de hotelaria, contando com o O Xalma's
Bar, agora com nova Gerência (2015) e restaurante a funcionar em
pleno. O café Restaurante
Enxido, que infelizmente, encerrou portas no fim do ano (2008),
reabriu portas, novamente (por volta do dia 18-07-2009), com nova
gerência e apenas com a valência de "café", mas continua a funcionar em pleno.
Recentemente, Aldeia do Bispo , ficou servida por um bloco de 6 Casas de Turismo Rural, conhecidas por Casas da Pedra que se encontram no centro da nossa aldeia. Poderá ser um atrativo e garantir um aumento da população durante o ano e com toda a certeza nas épocas festivas. A partir de agora, já ninguém deixará de trazer amigos por falta de instalações, o que por vezes se tornava complicado.
N.B. O objectivo desta página é apenas difundir o nome da nossa aldeia.
Colaboraram o M. Luís do Diogo, o Zé Manuel e o Gil Nabais.